'Eles Não Usam Black-Tie': um clássico do teatro brasileiro revisitado pelos alunos da Cia Tearte!
- Victória Cintra
- 5 de nov.
- 3 min de leitura
Poucas obras têm o poder de atravessar décadas mantendo viva sua força política e emocional. Eles Não Usam Black-Tie, escrita em 1958 por Gianfrancesco Guarnieri, é uma dessas raras peças que permanecem ecoando na história do teatro brasileiro e no imaginário do público. Com uma narrativa intensa e profundamente humana, o texto reflete as contradições sociais de um país marcado por desigualdades, sem jamais perder de vista a ternura e a complexidade das relações familiares.
A peça nasceu em um momento histórico de efervescência cultural e política no Brasil. O país experimentava as transformações urbanas e industriais do pós-guerra, e o teatro, até então voltado para o entretenimento das elites, começava a abrir espaço para novas vozes e realidades. Foi nesse contexto que surgiu o Teatro de Arena, movimento liderado por nomes como Guarnieri, Oduvaldo Vianna Filho e José Renato, que buscava aproximar a arte da vida cotidiana do povo.
Eles Não Usam Black-Tie foi um divisor de águas nesse processo. Pela primeira vez, o operário brasileiro se viu representado no palco com dignidade, com seus conflitos, suas contradições e suas esperanças. A história se passa em uma comunidade operária do Rio de Janeiro e gira em torno do embate entre Otávio, um sindicalista fiel às causas coletivas, e Tião, seu filho, um jovem dividido entre o amor, a sobrevivência e o medo de perder o emprego ao aderir à greve. O texto, que parece simples à primeira vista, carrega uma profundidade impressionante. Por trás dos diálogos cotidianos, há uma reflexão poderosa sobre ideologia, afeto e resistência — sobre como o peso das escolhas individuais pode impactar toda uma comunidade.

Mas o impacto de 'Eles Não Usam Black-Tie' vai muito além das premiações. Sua permanência no repertório de grupos teatrais e escolas de formação até hoje é prova de que a obra continua relevante. Em tempos de mudanças sociais e incertezas, as vozes de Otávio e Tião continuam a ecoar, convidando o público a pensar sobre o sentido de solidariedade, consciência e empatia.
E é justamente essa atualidade que inspirou os alunos do primeiro ano do curso profissionalizante da Cia Tearte a mergulharem na história e trazerem sua própria leitura dessa peça emblemática. Sob a orientação dos professores e diretores da Cia Tearte, os alunos desenvolveram uma montagem que busca unir o respeito ao texto original com a sensibilidade e a energia de quem está dando os primeiros passos sobre o palco. O resultado desse processo poderá ser visto no dia 21 de novembro, às 19h30, no Teatro Eva Wilma, em uma apresentação com entrada gratuita. A montagem representa o encerramento de um ciclo de aprendizado e o início de outro — um momento simbólico para os alunos, que colocam em prática não apenas as técnicas de interpretação e expressão corporal aprendidas ao longo do ano, mas também uma compreensão mais profunda sobre o papel social e humano do artista.

A escolha de um texto como 'Eles Não Usam Black-Tie' também revela a proposta pedagógica da Cia Tearte: formar artistas que compreendem o teatro como uma ferramenta de transformação. A montagem desafia os jovens atores a explorarem emoções intensas, conflitos éticos e dilemas universais — e, ao mesmo tempo, a reconhecerem a força coletiva que move o fazer teatral.
Mais do que uma simples apresentação, o espetáculo promete ser um encontro emocionante entre tradição e juventude, entre o legado de Guarnieri e as novas vozes que despontam no palco. Cada gesto, cada palavra e cada olhar carrega o entusiasmo de quem está começando e o respeito por quem abriu caminho. Assim, o Teatro Eva Wilma se torna novamente o cenário de um momento único: o nascimento artístico de uma nova geração de intérpretes que, com talento e sensibilidade, dão continuidade à história do teatro brasileiro.
Saiba mais sobre a Cia Tearte em: www.ciatearte.com
Informações Úteis
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Durante os meses de novembro e dezembro de 2025, a bilheteria do Teatro Eva Wilma permanecerá fechada, pois o espaço estará operando apenas com eventos fechados, que contam com bilheteria própria.
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